Justamente os bancos que julgavam as
nações para saber se eram seguras para receber investimentos, quebraram. Estamos
vendo o gigantismo da própria GM. Por algum tempo eles foram a maior companhia
do mundo, hoje eles estão na oitava posição e suas ações perderam 80% do valor.
Estão numa crise, que talvez ameace a própria sobrevivência da empresa. Então não é o gigantismo que garante, mas
sim a lucidez.
Quando a Toyota anunciou que se tornaria a primeira
companhia do mundo, a GM poderia pensar: “Está faltando lucidez a nós.” Porque
a GM perdeu muito no próprio território americano. O que faltou? Lucidez. O que era a lucidez nesse momento? Era a
compreensão de que nós vivemos dentro do planeta e que temos limites que vêm da
gestão da ecologia, da gestão da natureza, temos o limite na nossa ação. A
GM não lembrou disso e continuou fazendo carros gigantescos, enormes e que
gastam muito e são muito caros. Repentinamente eles se vêem ultrapassados pela
história, a prioridade não é mais essa, mas é a viabilidade. Quando temos
lucidez, aproveitamos o tempo e geramos ações coerentes. Se nos falta lucidez,
isso pode ser fatal para nós. Se temos arrogância hoje, não nos garante em
nada. Se temos o poder, isso não nos garante em nada, porque isso tudo é
cíclico. Agora se nós temos lucidez, esse é o ponto. As religiões podem ser um
caminho para lucidez, as tradições filosóficas podem ser um caminho para
lucidez. É isso que precisamos hoje.
Mas, com
certeza, a lucidez vem de mãos dadas com a cultura de paz. Porque
todos nós, na base, aspiramos à preservação do planeta, do qual necessitamos e
fazemos parte. Então a lucidez é imaginarmos que as nossas ações não podem ser
ofensivas a aquilo que sustenta a própria vida.
Nós precisamos cuidar da natureza, precisamos cuidar
de nós mesmos, precisamos recuperar a capacidade de olharmos para nós e
cuidarmos da nossa própria saúde. A
medicina tem se tornado, progressivamente, o lugar onde a consciência do
próprio paciente não é mais requisitada. O paciente hoje é analisado por
máquinas. O médico já não palpa o paciente, já não examina, ele pede exames. E
as máquinas examinam. As indústrias oferecem substâncias a ele. Ninguém o
convida a mudar os seus hábitos.
Felizmente hoje o próprio Ministério da Saúde
reconhece a importância das terapias complementares e o papel da meditação como
uma técnica de cuidado da saúde. No site do ministério, eles colocam que
estamos num período, com respeito à meditação, semelhante ao período pelo qual
a própria acupuntura passou. Ela foi rejeitada, depois foi aceita,
progressivamente incorporada como uma técnica.
Hoje a meditação já está tipificada: suas
conseqüências, seus resultados. Fico muito feliz porque essa é uma contribuição
especialmente oriental. Nós vamos, dentro desse processo de enriquecimento,
através das múltiplas culturas, nós vamos encontrando isso. A introdução da
meditação coloca, no paciente, parte da responsabilidade pela recuperação da
saúde. Ele não é mais um paciente, propriamente, mas um agente da sua própria
saúde. Ele não é passivo, agora é convidado a participar. Vamos encontrar
também as terapias naturistas, aqui em Curitiba muito bem representada pelo
terapeuta naturista Pedro Devai e pela clínica Oásis, com um trabalho pioneiro,
reconhecido em todo o Brasil. As terapias naturistas que tem um trabalho
maravilhoso de prevenção da doença e isso é cultura de paz no nosso corpo. Vamos
cuidar de nós mesmos. Quando cuidamos de nós mesmos, cuidamos da natureza.
Precisamos
desenvolver relações adequadas também, com o poder público. Aqui eu me sinto
muito feliz, muito à vontade, porque estou na casa do poder público. Precisamos
olhar para os nossos representantes de uma forma elevada, ou seja, dar
nascimento positivo a eles, ajudá-los nas suas funções. Os
nossos representantes operam sob pressões de vários tipos. Precisamos estar
junto deles e ajudá-los a desempenhar suas tarefas do melhor modo. O CEBB
(Centro de Estudos Budistas Bodisatva) tem tradicionalmente desenvolvido essas
relações. Este ano, tivemos a presença da governadora do Rio Grande do Sul nas
relíquias do Buda.
Precisamos então, lembrar dessas várias
características: cuidando de nós mesmo, isso é cultura de paz; cuidamos das
outras pessoas e isso nos dá felicidade; cuidamos da nossa família e das outras
pessoas. Isso produz felicidade imediata. Cuidamos na relação com as autoridades
e também na relação com a natureza. Isso é paz. Isso é cultura de paz.
Eu agradeço
essa oportunidade e fico imensamente feliz. Eu reconheço o estado do Paraná
como pioneiro em muitas iniciativas maravilhosas, na área do meio ambiente, do
urbanismo, das empresas. Reconheço, por exemplo, a Federação das
Indústrias do Paraná. O Dr. Rodrigo Loures, um amigo pessoal, esteve
recentemente no Centro Budista, no encontro que discutimos budismo e sociedade.
Ele tem um livro maravilhoso sobre educação, sobre como promover o diálogo, em
vários níveis. Esse método que se originou no oriente, foi para os Estados
Unidos, foi incorporado pelos americanos e mais adiante surge no seio das
organizações empresariais como o método de investigação apreciativa. É um método
extremamente democrático de gestão, muito hábil para aproveitar a inteligência
de cada um de forma organizada e sem conflito. Estamos utilizando esse método
também para estabelecer cultura de paz nas regiões ao redor do nosso centro,
com as populações. Isso reduz a necessidade de investimento público, melhora
todos os indicadores sociais, com um valor muito baixo. Faz com que a população
melhore.
Então nós
estamos nesse tempo mágico. Curitiba, Paraná é líder. Eu reconheço esse papel
maravilhoso e me sinto muito feliz, muito à vontade como cidadão honorário do
Paraná.
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